sábado, 28 de fevereiro de 2009

No carnaval de Salvador

A música daqui é contagiante. Realmente, as ruas, as pessoas, ou melhor, a pipoca, como eles chamam, a atmosfera, tudo aqui é propício para se desprender dos problemas e ser feliz. E também , é claro, pra se apaixonar.

Eu? Claro, sigo o trio, no circuito Barra-Ondina enquanto minhas pernas aguentarem, ou enquanto eu ainda lembrar que tenho pernas. Mas o cansaço não é preocupação. Estou muito entusiasmado com o carnaval de Salvador. A folia é muito diferente de São Paulo, ou do Rio. Aqui não existe competição por escolas ou títulos, aqui todo mundo se diverte e todo mundo é um só povo, uma só alegria.

E é claro que também todo mundo é de todo mundo. E foi com esse pensamento que eu comecei a procurar alguém para ser minha, mesmo que por uma música. A folia era tanta que, às vezes até me esquecia que estava procurando, e me divertia só em pular com os meus amigos, que me convidaram para este lugar. Até que eu a vi.

É comum gente da pipoca ir fantasiado, mas ela era algo que se destacava. Uma fada rósea, morena e brilhante no meio de uma selva de abadás verdes. Ao olhar já fiquei meio que paralisado, digo meio pois meu corpo ainda teimava em pular ao ritmo da música enquanto meu cérebro processava se aquela beleza escultural era mesmo verdade ( e ambém procurava ver se estava sozinha). Olhando (embasbacado, eu diria), percebi que ela também me olhou de relance e, (imagino ter visto que ela) sorriu, um sorriso tímido, que poderia ser por qualquer outra coisa, mas eu entendi como um convite, e aceitei.

Fui chegando perto e percebi que ela virava seu corpo em minha direção, como se esperasse que eu fosse até lá e, ao estar a dois passos de enlaçá-la, vejo seus braços me puxando para um longo, demorado e apaixonado beijo. Não ouço mais a música, acho que tem algo como "eu quero mais é beijar na boca..." mas não sei ao certo. O que sei foi que toda aquela multidão pareceu sumir, ou melhor, como se aquela fada fosse capaz de me fazer voar por sobre o trio enquanto nos enlaçávamos e nos beijávamos fervorosamente. Pude sentir o mel em seus lábios, e pude sentir o movimento hipnótico de sua língua massageando a minha dentro de nossas bocas. Até que ela parou.

Disse que iria comprar uma cerveja e logo voltaria. Não me importei e continuei curtindo (quase que) normalmente a música que, após os beijos, voltei a escutar. Se eu a vi depois? Sim, estava enlaçando outro uns dez minutos depois, acho que a uns três ou quatro metros de distância de mim. E eu não me surpreendi por não me importar, afinal, tinha uma ruivinha maravilhosa que me chamava com o olhar eu eu, certamente, não iria perder a chance de me apaixonar novamente, mesmo que pelo tempo de uma música.


---------------------------------------------------------

Fiquei um tempo afastado, mas não pude deixar de postar esse texto sobre o carnaval que escrevi esta manhã e nem ao menos revisei(qualquer erro, desculpem-me). Bom, até o próximo texto, então. E não esqueçam de comentar!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Até amanhã

Olá. Não irei mais me desculpar por um tempo sem postar pois sempre acabo fazendo isso, então, espero que entendam e, caso queiram saber quando eu posto alguma coisa, assinem o feed ou então me peçam pra avisar, que eu aviso sem problemas.
Antes do post, eu queria falar uma coisa sobre os selos que os blogueiros costumam trocar como presentes. Eu, como todo ser humano, gosto de um agrado e realmente agradeço aos que me dedicaram um selo, mas não os colocarei aqui no blog. Sinceramente, não sei o porquê disso, simplesmente não gosto desses selos (mas aprecio e agradeço imensamente o carinho que os blogueiros que me presentearam com estes), não há um motivo em especial e espero que possam entender (mesmo assim, muito obrigado Fabioc e Dudalak).
Agora sim venho falar do post. Nossa, fiquei um mês sem postar nada, mas escrevi bastante coisa diferente então espero não ter que parar por tanto tempo. A música desse texto é "Anjo"(Banda Eva),mas ouvi-la aida continua opcional. Leiam e tirem suas próprias conclusões:


Até amanhã


As gotas de chuva relutavam em cair do céu, mas estavam lá. O tempo nublado não a incomodava, pensava mais em guardar para si as próprias lágrimas, relutando em deixá-las rolar assim como o céu espesso por sobre sua cabeça. Andava olhando apenas para baixo, como que para se obrigar a prestar atenção no caminho, como para esconder o brilho involuntaramente lacrimal em seus olhos. Ignorava o fato de alguns passantes a observarem, muitos sem tê-la nunca visto, mas um em especial teve suas feições entristecidas ao vê-la. Ela não pôde ver, estava triste demais para isso.

Sua vida poderia ser considerada normal por qualquer um, menos por ela. Tinha amigos, gente que a fazia sorrir e esquecer os problemas por alguns segundos, mas apenas por segundos. Ela não conseguia tirar da cabeça que estava irremediavelmente sozinha no mundo. Sempre fora. Não se achava digna de alguém e quando esse alguém se interessava, ela mesma tratava de arrumar algum defeito, nele ou nela mesma, que impedisse que qualquer tentativa de relacionamento fosse adiante, ou sequer começasse. Era como se, mesmo se achando necessitada, relutava em aceitar alguém, quem sabe o problema estava em aceitar a si mesma.

Ela se achava feia e um pouco fora do peso. Afinal, quase toda mulher acha isso. Mas as imperfeições imaginárias não paravam por aí. Sempre tinha espaço para mais um defeito. Ou era compulsiva, ou desatenta demais. Ora vaidosa ao extremo, ora desleixada. Chegou até a procurar um analista da empresa. Mas saiu de lá quando percebeu que o analista não a estava ajudando em melhorar quando negava que ela tinha tais problemas e apontava todos como uma dificuldade em se aceitar. Ela não estava ali para ouvir isso, por mais que ouvisse de seus amigos também. Ela não queria ouvir, oras! Porque todos não enxergavam que ela era um ser quase que extraterrestre quando estava tão óbvio para ela?

Começava a ponderar sobre isso, sobre a probabilidade ínfima de todos ao seu redor estarem, talvez, certos, talvez. Mas não queria pensar sobre isso. Aliás, não queria pensar em mais nada. Tinha que parar com seus devaneios tristes e voltar pra casa. Ainda tinha trabalho acumulado e uma noite de sono mal dormida para compensar, caso conseguisse. Além do mais, limpar o rosto também era uma opção, já que ninguém acreditaria que simples ciscos fizeram aquela irritação em seus olhos. Voltava a olhar para baixo, lembrando do final de semana, onde finalmente poderia encontrar seus amigos e esquecer disso por algum tempo enquanto assistiam algum filme, comiam pipoca e conversavam alegremente sobre assuntos infantis...

...Os olhos que a acompanhavam pareciam tristes também. E aquele simples passante estacou ao vê-la presa em divagações e com o olhar cabisbaixo. Quisera ele poder abraçá-la e dizer que tudo ia ficar bem se eles ficassem juntos. Já não aguentava mais vê-la sofrer, mas não podia, era um simples amigo, ou era assim que ela o via. E temia ele perder uma amizade por querer mais. Além disso, sabia bem ele que ela evitava relacionamentos amorosos e que o vínculo de amizade era a única coisa que o deixaria próximo dela, por mais que ele quisesse mais.

Mas ainda tinha o final de semana. Ah! o fim de semana! Os dias pelos quais ele espera por toda a semana só pra vê-la longe de suas tristezas. Do empenho dele ao tentar fazer com que ela sorrisse, e como esse mesmo sorriso compensava todo esforço, mesmo com aquela voz na sua cabeça pedindo por mais. Agora faltava pouco, ainda era uma quinta feira nublada e ele ainda tinha mais uma noite de sonhos enquanto esperava pela sexta.

Continuou seu caminho não sem antes lançar um olhar esperançoso antes de partir e sem conseguir prender simples palavras que teimaram em sair de sua boca e de sua alma:

- Até amanhã, minha "amiga"(, meu amor)...




Espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar. Até a próxima!