domingo, 7 de setembro de 2008

Sábias estrelas de São Paulo (Epílogo)

Olá,
Como eu havia dito, hoje é a última postagem de "Sábias estrelas de São Paulo" . Vou falar pouco pois tenho muito a agradecer e o farei no final do capítulo/episódio (ou o que quiserem chamar).
A música, ou melhor, as músicas são "Pieces Of Me" da Ashlee Simpson , que eu não gosto muito, mas a música se encaixa no texto. A outra é "Careful Where You Stand" do Coldplay e esta música sintetiza muito o que escrevi no texto.
Bom, deixando de papo e postando logo o epílogo. Leiam e tirem suas próprias conclusões:


Os olhos claros de Rômulo ainda se recusavam a abrir enquanto ele levantava e se dirigia para seu banho. Pelo despertar do relógio, já passava das oito e ele não queria perder mais nem um minuto.

Enquanto passava pelo corredor que dava para a cozinha, já de banho tomado, parou e fitou o olhar para uma fotografia, onde ele aparecia ao lado de Beatriz, ambos sorrindo, felizes.

- Um ano...

Quem poderia imaginar, logo ele que não costumava se envolver, por medo de se machucar. Logo ele que se sentia tão solitário. Mas esse não era mais ele. Rômulo agora tinha um motivo para sorrir, e esse motivo se chamava Beatriz.

Ela estava dormindo, sendo acordada pelo som do despertador de um sonho indescritível, mas desperta para uma realidade melhor ainda. Não que sua vida não tinha seus problemas, mas somente porque Rômulo agora estava a seu lado para ajuda-la. Bom, não exatamente a seu lado agora, mas ainda iria encontrar-se com ele ainda naquela data tão especial para os dois...

- Um ano...

Sua mente entoava essas palavras, assim como uma indescritível sensação de felicidade plena, principalmente após olhar para o lado da cabeceira e ver, ali, no criado-mudo, uma foto de Rômulo a abraçando ,ambos felizes, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

- Sabe, eu nunca entendi isso de arte moderna, Rômulo...
- Nem eu, mas não se pode negar que eles eram “criativos”...

Diz Rômulo com um breve sorriso irônico no rosto. Olhando com suas duas hipnotizantes íris azuis. No seu rosto, sua ironia já desaparecera, enquanto se formava um sorriso, ao ver a cara de intrigada de Beatriz com uma das esculturas.

Beatriz tentava compreender aquilo que chamavam de arte, mas realmente não achava possível. Mas sentia-se bem com isso. Rômulo também não entendia muito e parecia estar aproveitando a visita tanto quanto ela. Aliás, só dele estar nessa visita a torna muito mais ‘interessante’.

E ele pensava se essa tal visita valeria tanto à pena caso ela não estivesse lá, a seu lado. Tinha pegado o celular, para reclamar com seu amigo, que indicara a tal exposição. Mas Rômulo já não queria sair dali e, pensando um pouco, não devolveu o celular ao bolso.

- Bia, vem aqui..
- Alguma coisa interessante, Rômulo?
- Não, não... Mas por pouco tempo, me segue...

E eles foram para uma ala, onde se podia tirar fotos da exposição e, num movimento rápido, ele tirou uma foto enquanto ela andava. E outra dela surpresa, mais uma dela o empurrando, uma dela preocupada (por ele ter caído com o empurrão), mais outra dos dois juntos, abraçados, sorrindo de tudo isso, além de uma última, um pouco fora de foco, mas que tentava enquadrar um beijo apaixonado de Rômulo e Beatriz...

E Rômulo já estava pronto para sair de sua casa para buscar Beatriz quando parou à porta de sua casa, olhando uma estranha foto dele apoiado nos joelhos e ela com pose triunfante, enquanto batia a tal foto.

Beatriz ria-se de pensar em algumas outras situações de seus encontros com Rômulo. Ainda que parecessem duas crianças apaixonadas, era incrivelmente prazeroso descobrir o quando da vida estava perdendo, e o quanto dela Beatriz podia ganhar, até mesmo algumas corridas no parque do Ibirapuera...

- Então esse é o parque do Ibirapuera, Rômulo?

Enquanto ela olhava para todos os lados, tentando capturar com os olhos a beleza do local. Era a primeira vez que ela estava ali, e essa primeira visita não podia ser em melhor companhia.

- Ele já foi mais bonito, mas ainda é um bom lugar para visitar.
E Beatriz se perguntava se esse parque já fora um dia mais bonito do que já é. Certamente teria menos lixo no chão, mas nem era tanto assim; ou talvez fosse mais florido, ou com árvores mais espessas, mas isso daria um aspecto de floresta ao Ibirapuera. E decidiu parar por ali com seus pensamentos.

Queria aproveitar o lugar, e a companhia também, evidentemente. E lembrou-se de umas certas fotos tiradas algum tempo atrás no MAM. Não estava com seu celular, mas sabia que o de Rômulo ainda repousara no bolso da calça (o que a lembrara de se perguntar como alguém consegue ir de calça jeans a um parque).

Aproximou-se dele para um abraço e, aproveitando que ele pusera seus braços por cima dos ombros dela, com uma das mãos, Beatriz puxou o celular de Rômulo.

- Bia, o quê você está fazendo?
- Só vou tirar umas fotos do parque, devolvo isso num minuto.
- Mas você poderia...

E Rômulo parou de falar enquanto Beatriz ria de sua foto tirada, conseguiu capturar o exato momento em que Rômulo pronunciava “a” e isso numa foto, era impagavelmente cômico.

- Você vai apagar essa foto, não vai?
- Nunca, vou é mandar para meu e-mail agora.

E, quando ela começava a teclar seu endereço de e-mail, Rômulo correu para pegar seu celular de volta. Nesse instante Beatriz correu mais rápido e ambos começaram a correr pelo parque, enquanto Beatriz tirava algumas fotos de Rômulo, correndo (bem desengonçado, imaginava ele que por culpa da calça).

- Tá bom, Bia... Você... venceu... Pode enviar...a foto...

E Rômulo dizia isso apoiado em seus joelhos, no mesmo instante em que “Bia” tirara uma foto sorridente ao lado de um Rômulo cansado, indo, logo em seguida, cuidar de seu amado. A foto pela qual ela lutara tanto fora apagada, mas muitas outras foram tiradas naquele dia, incluindo uma de um beijo, dessa vez não tremido, pois haviam repetido muitas vezes (sem protesto algum) até conseguir o resultado desejado. E essa foto estava na estante de Beatriz, onde ganhava um certo destaque das outras...

“Em um prédio?” Foi o que pensou Beatriz quando Rômulo disse que haviam chegado. Fora do carro, uma brisa suave anunciava o início de uma noite para relembrar. Tomando o elevador, ela percebera o nervosismo de Rômulo, suas mãos estavam inquietas e ele não conseguia fixar o olhar em Beatriz. Por mais feliz que parecesse estar, Rômulo escondia algo e isso, incomodava Beatriz.

Um jantar agradável para um prédio tão alto. Mas, não importava muito o lugar, o amor que um sentia pelo outro transformava qualquer lugar num cenário perfeito. Conversas leves, olhares apaixonados, mãos envolvendo as outras. beijos, ora roubados, ora concedidos formavam o conjunto de uma noite perfeita, não fosse a ansiedade de Rômulo.

Beatriz sabia que ele estava escondendo algo, mas não queria perguntar algo. Até que Rômulo pediu a conta e, antes de sair, conversou algo com o dono do restaurante e ,logo em seguida chamou Beatriz.

A cada passo, ela notava que Rômulo ficava mais tenso, e que ele nem sequer olhava para trás, onde Beatriz o seguia, percebendo alguns detalhes estranhos, como o fato do andar dele se tornar um pouco apressado em subir as escadas.

- Chegamos, Bia.

Era o topo do prédio. Um lugar incrivelmente alto, mas majestosamente lindo, um céu limpo e coberto de estrelas, atípico da cidade cinza. Lá do alto, os carros formavam feixes de luz que tornavam o chão, um mar iluminado de dourado e branco. A Brisa era um pouco mais fria, mas não era gélida, mas teimava em brincar com os cabelos de Beatriz.

- Bia, eu te trouxe aqui por dois motivos...

Enquanto Rômulo tentava organizar suas palavras e controlar seu nervosismo, Beatriz tornava-se mais ansiosa para saber quais eram esses tais motivos.

- Bom... Primeiro, eu... Bia, você sabe que o que a gente viveu foi lindo, e que eu vivi esse ano mais do que a minha vida inteira. Mas é que surgiu uma oportunidade de eu ampliar meus negócios em Nova Iorque e, e par isso, eu teria que sair de São Paulo por uns tempos, para organizar melhor as coisas até que eu volte...

As lágrimas rolavam pelos olhos de Beatriz enquanto ela ouvia cada palavra de Rômulo. Após saber que ele iria para Nova Iorque, ela virou-se e seguiu pelo mesmo caminho que desceu, mas foi agarrada por dois braços enquanto uma voz dizia: “eu ainda não terminei de falar, por favor, Bia.Escuta!”

- Escutar o quê? Você vai pra lá e eu vou ficar aqui, não é?

Ela não conseguia acreditar que esse era o fim, a separação dos dois por uma oportunidade de trabalho, por dinheiro!

- Bia, deixa eu falar a segunda coisa que eu queria falar... Por favor...

E Rômulo prosseguiu quando viu Beatriz aquietar-se, posta frente a ele, esperando que ele continuasse.

- E o que eu queria dizer também é que, há um ano atrás, eu não recusaria isso... Eu não deixaria essa oportunidade passar sem pensar duas vezes. Mas alguém mudou a minha vida em um ano. Alguém me fez ver que eu não preciso de mais nada quando a pessoa que eu amo está perto de mim. E eu queria que, se eu fosse pra Nova Iorque, eu fosse com quem eu amo. E que essa pessoa fosse comigo como alguém especial, como minha esposa...

E, ajoelhando-se enquanto retirava uma caixa do bolso, Rômulo olhava para uma Beatriz surpresa e feliz, com lágrimas nos olhos. E via em Beatriz a mulher de sua vida, e de todas as outras vidas que poderia ter.

- E é por isso, Beatriz, que eu pergunto: Você aceita se casar comigo?

“Eu aceito” foi o som dito por Beatriz. Enquanto sua alma desejava dizer mais, muito mais do que palavras poderiam expressar.Em seu dedo fora posto um anel e, posteriormente em seus lábios, um beijo suave e envolvente como a brisa que corria naquela noite.

O brilho em seus olhos parecia, de certa forma, com o brilho de certas estrelas, que sorriam felizes no céu paulistano. A Lua surgia agora, para agracias Rômulo e Beatriz enquanto eles ainda se beijavam, apaixonados e felizes, tendo suas almas e vidas completas pois aonde quer que fossem, eram um só. Uma só felicidade, uma só alma, um só amor.

E um amor que nem o tempo, nem os problemas das grandes cidades, quer seja São Paulo ou Nova Iorque ou outra qualquer, nem todos os problemas e pesares da vida podem afastar. Um amor que surgiu em duas almas, que algumas sábias estrelas trataram de juntar.



Bom, é isso.
Espero que tenham gostado ou ao menos suportado esse meu epílogo, bem como todo o conto.
Eu só queria agradecer a todos que postaram um comentário nesses dez capítulo e dizer que, a cada post novo, era uma felicidade enorme ler os comentários sinceros (eu sei que não são todos, mas fico feliz pelos que eu percebi serem)de todos os leitores. Muita gente me apoiou, me corrigiu, me ajudou, me inspirou... E aqui,no blog, eu criei um carinho enorme por todos os leitores, ou até mesmo os que não leram tudo, mas comentaram o que sentiram. Sentir, é isso que eu procuro quando escrevo. Busco trazer à tona sentimentos diversos em vocês e gosto de ver quando eu consigo isso. E é muito bom saber que, mesmo com meu texto simples, eu tenha ,talvez, conseguido.
Minha vida mudou com a faculdade e, não sei ao certo quando devo voltar com alguma coisa nova. Só espero que compreendam que não é por opção. Apenas preciso pensar no meu futuro e espero que possam comprender.
Não vou nomear todos os que desejo agradecer pois são muitos, gente até que não frequenta o blog, mas me ajudou a construir esse conto; sendo eu nascido e criado no RJ sem nenhuma informação de SP. Mas quero que saibam que foi muito bom escrever isso sabendo que, aqui, alguém poderia ler e, quem sabe gostar e comentar sobre o que leu. Muito obrigado.