Seus olhos marejados pareciam trancafiar as lágrimas para que estas não rolassem por seu rosto angelical. Seu corpo ainda sentia espasmos que a lembravam de todos os acontecimentos daquela chuvosa noite. Em seu quarto, ela tentava se reerguer pois não tinha muito tempo, ainda havia trabalho a fazer.
O conhecera há uns dois meses. Ele, casado, e sofrendo por isso. Ela, comprada apenas para ser uma válvula de escape, um brinquedo nas mãos de uma criança que não sente mais alegria. Mas ele não conseguia, talvez não queria brincar, a primeira noite foram apenas bons amigos e confidentes. Ela, uma boa ouvinte, coisa que a profissão lhe ensinara, chegou até a comover-se de tão triste homem. Preso a um casamento em ruínas e, mesmo que não concordasse com a solução que ele buscara, nunca o falaria. Não o poderia condenar.
Algumas noites e ele voltara. Ainda ansiando por uma ouvinte, e assim foi por uma semana, tanto que ela até se sentira mal por tirar-lhe o pagamento que era dela por direito. A última sexta daquela semana foi selada por um beijo, não um beijo mecânico como a ela era de costume, mas algo que sentia vontade de fazê-lo. E ele, de retribuir. E a ouvinte passara a amante. Até perceberem que existia um sentimento mais forte que apenas laços amistosos ou profissionais .
Por noites ela ansiava por isso. Em seu quarto, e também escritório, ela contava os minutos para chegada daquele que, ao menos a traria conforto, e até esperança, coisa que nenhum outro antes fora capaz de trazer. E ela entregava-se a ele. Deixava de ser apenas uma profissional para entregar-se ao prazer ofertado e recebido. Imaginava-se com ele nos momentos difíceis que sua profissão lhe proporcionara e até mesmo em sonhos, estes, que lhe traziam uma prazerosa calmaria pelas manhãs.
Por tempos nutriam um sentimento acima de qualquer coisa que ela conseguia se recordar. Ansiava por suas ligações, agora em um número de celular pessoal, diferente do primeiro, que era apenas para assuntos profissionais. Passavam horas falando ao telefone. Ele ligava, ela não o podia fazer, mas sabia esperar. Seus sonhos aos poucos, tornaram-se planos, por ele compartilhados, e apenas uma visita a mais para se concretizar.
Até que ele lhe veio visitar. Poucas palavras. Aquela tal esposa estava grávida. Dois meses e meio. E ele, mesmo tendo planejado uma nova vida ao lado daquela que o completava, viu-se obrigado a jogar sua felicidade fora pela felicidade de algum inocente que está por vir. Nunca mais a procuraria. Em lágirmas disse as últimas palavras, as selou com um último beijo e partiu. Deixando lá, sua felicidade. Junto ao coração da mulher que amava. Mulher esta que não chorava, mas sentia-se, agora, vazia, sem esperanças, sem felicidade, sem vida.
Ainda eram nove e vinte da noite, haviam mais outros sujos a esperando. Apenas uma válvula de escape. Um corpo que deixara seu coração partir(-se) com um homem sem esperanças, mas com o peso do futuro, mesmo que este futuro não seja o dele, mas de um inocente que ainda está por vir.
sábado, 21 de março de 2009
sexta-feira, 13 de março de 2009
Sonhei com você
Hoje sonhei com você. Foi um sonho tão bom que, ao acordar, tinha um sorriso no rosto e , só de lembrar do sonho, mantive esse sorriso por todo o dia, inclusive agora. Você estava linda, e o melhor, estava comigo. Nós dois juntos numa casa de campo. Estava tão frio que você se agarrava a mim buscando o calor do meu corpo, enquanto só a minha felicidade de ter você em meus braços me aquecia tanto, que sinto que poderia encarar nevascas, trajado com roupas de verão (afinal, era um sonho, ou não?).
Quando acordei, adiantei todo meu trabalho. Afinal, só lembrar do sonho que tive e qualquer coisa; ruim, chata ou trabalhosa; vira poeria perto de momentos tão bons. Como trabalho em casa, meu trabalho havia acabado antes da hora do almoço, e resolvi me dar uma folga. Fiquei pensando em transformar esse sonho em novela, ou até mesmo em seriado, e vendê-lo para alguma grande emissora. Mas parei. Por mais bem filmado, dirigido, ou escrito, não seria o mesmo. Nem a mais bela atriz pode ser comparada à você. E nenum roteiro seria tão envolvente como esse sonho. Então parei.
Pensei em chamar você para assistir um filme aqui em casa. Aquelas coisas bobas que casais apaixonados fazem. Um filme qualquer, sei bem eu que você prefere uma comédia romântica, e é o que prefiro também. Eu faria a pipoca, e não poderia esquecer do refrigerante. Afinal, gostamos tanto de pipoca que precisamos de alguma bebida para depois. Se bem que pouco me importaria deixar a pipoca toda para você (entenda que isso é muito,vindo de um viciado confesso em pipoca), contanto que pudesse ver você sorrindo enquanto assiste o filme, ou sentir seu corpo chegando mais perto nas cenas românticas, ou sentir seus lábios colados aos meus... Mas quando peguei o telefone, lembrei que era feriado, e todas as locadoras fecharam, justamente quando emprestei minha coleção de filmes a um amigo .
Fitei o telefone em minha mão direita. Ele parecia tentador. Não que eu a fosse convidar a vir apara minha casa (e fazer o quê?). Seria óbvio e malicioso demais o convite e não é isso o que eu quero. Eu só queria você aqui comigo, ou ao menos ouvir a sua voz. Olho mais uma vez para o objeto em minha mão e penso que seria uma boa idéia ligar, só para contar o sonho, falar baboseiras, futilidades ou o que fosse, eu só queria ouvir sua voz, não importava o que dissesse. E com o telefone já no ouvido, iniciei o ritual telefônico.
Mas qual número discar? Revirei minha cabeça procurando pelo seu número e não achei. Tentei lembrar seu nome e também foi em vão. Tentei me recordar de quando nos encontramos, mas esta foi minha perdição. Nunca nos encontramos, e eu aqui, feito bobo, sonhei apaixonado com alguém que talvez nem exista. E larguei o objeto em minhas mãos.
Mas talvez você exista sim, só para mim. Ou quem sabe, também sonha comigo (, sem saber quem eu sou)? Eu queria ao menos conhecê-la, vê-la passando numa rua, ou encostada num assento de bar, ou fazendo compras na livraria da esquina, certamente nos esbarraríamos lá. E eu sei que já a amo, só preciso agora encontrar você em alguma mulher.
Quando acordei, adiantei todo meu trabalho. Afinal, só lembrar do sonho que tive e qualquer coisa; ruim, chata ou trabalhosa; vira poeria perto de momentos tão bons. Como trabalho em casa, meu trabalho havia acabado antes da hora do almoço, e resolvi me dar uma folga. Fiquei pensando em transformar esse sonho em novela, ou até mesmo em seriado, e vendê-lo para alguma grande emissora. Mas parei. Por mais bem filmado, dirigido, ou escrito, não seria o mesmo. Nem a mais bela atriz pode ser comparada à você. E nenum roteiro seria tão envolvente como esse sonho. Então parei.
Pensei em chamar você para assistir um filme aqui em casa. Aquelas coisas bobas que casais apaixonados fazem. Um filme qualquer, sei bem eu que você prefere uma comédia romântica, e é o que prefiro também. Eu faria a pipoca, e não poderia esquecer do refrigerante. Afinal, gostamos tanto de pipoca que precisamos de alguma bebida para depois. Se bem que pouco me importaria deixar a pipoca toda para você (entenda que isso é muito,vindo de um viciado confesso em pipoca), contanto que pudesse ver você sorrindo enquanto assiste o filme, ou sentir seu corpo chegando mais perto nas cenas românticas, ou sentir seus lábios colados aos meus... Mas quando peguei o telefone, lembrei que era feriado, e todas as locadoras fecharam, justamente quando emprestei minha coleção de filmes a um amigo .
Fitei o telefone em minha mão direita. Ele parecia tentador. Não que eu a fosse convidar a vir apara minha casa (e fazer o quê?). Seria óbvio e malicioso demais o convite e não é isso o que eu quero. Eu só queria você aqui comigo, ou ao menos ouvir a sua voz. Olho mais uma vez para o objeto em minha mão e penso que seria uma boa idéia ligar, só para contar o sonho, falar baboseiras, futilidades ou o que fosse, eu só queria ouvir sua voz, não importava o que dissesse. E com o telefone já no ouvido, iniciei o ritual telefônico.
Mas qual número discar? Revirei minha cabeça procurando pelo seu número e não achei. Tentei lembrar seu nome e também foi em vão. Tentei me recordar de quando nos encontramos, mas esta foi minha perdição. Nunca nos encontramos, e eu aqui, feito bobo, sonhei apaixonado com alguém que talvez nem exista. E larguei o objeto em minhas mãos.
Mas talvez você exista sim, só para mim. Ou quem sabe, também sonha comigo (, sem saber quem eu sou)? Eu queria ao menos conhecê-la, vê-la passando numa rua, ou encostada num assento de bar, ou fazendo compras na livraria da esquina, certamente nos esbarraríamos lá. E eu sei que já a amo, só preciso agora encontrar você em alguma mulher.
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