sábado, 18 de abril de 2009

Burguesinha

(aconselhável ouvir a música do player enquanto se lê o texto)



A noite só estava começando e ela queria somente se divertir,sem se preocupar com nada. Algo entre se distrair dançando ou conversando em uma festa da alta sociedade, ou fazer o mesmo em algum clube caro, ou até mesmo na pista VIP de alguma boate badalada. Seguiu em frente pois ela ainda não sabia onde parar, talvez quando achasse algo interessante, ou quando ficasse entediada de procurar.

A tarde serviu para se preparar para o agito, e para usar o motorista. Como a manhã para ela não existe, era o único tempo disponível mesmo. A Rua Oscar Freire foi sua passarela. Vestidos, acessórios, óculos, cabelo, maquiagem, presentes para as (falsas e compradas) amigas. Vez ou outra uma ligação para o pai, um empresário milionário com sede em Nova Iorque que compensava a ausência com o que ele chamava de "mimos". Ela preferia uma 5th Avenue, mas a mãe sempre optou por mantê-la no Brasil. "País cafona", segundo a filha.

Não se imporatava muito. Queria mesmo era se divertir naquela noite. Teve um quase-jantar em algum restaurante sofisticado assim que saiu da clínica de estética, já às 19h da noite. Chegou em casa e trocou-se o mais rápido que pôde, ou seja, em duas horas e meia. Ainda estava cedo, mas ela iria mesmo assim.

A estrada livre. O motorista dispensado e na companhia de mais duas amigas. 40km além do permitido e com a justificativa de precisar de adrenalina para se divertir. Todas levemente embriagadas cantavam alegremente alguma música remixada do Seu Jorge, sem se importar com a letra, muito menos com a estrada. Ela seguiu sem nem ao menos se preocupar com a pista, o tráfego ou a sinalização. Até sentir o choque contra um objeto qualquer.

Saiu do carro para constatar o óbvio. Um atropelamento. Algum imbecil que se achou no direito de passar pela faixa de pedestres na frente do carrro dela quando o sinal estava vermelho para automóveis. "Meros detalhes sem significância". E ela ainda não entendia como sempre era vítima de desgraças como a acontecida. Resolveu por deixar o ferido por lá mesmo. "Se ele quis se arriscar ao passar, que sofra as consequências". Qualquer problema que ela pudesse ter se resolveria com uma ligação internacional mesmo, qual a razão de se preocupar?

A noite só estava começando e ela queria somente se divertir,sem se preocupar com nada. Algo entre se distrair dançando ou conversando em uma festa da alta sociedade, ou fazer o mesmo em algum clube caro, ou até mesmo na pista VIP de alguma boate badalada. Seguiu em frente pois ela ainda não sabia onde parar, talvez quando achasse algo interessante, ou quando ficasse entediada de procurar.